22 de outubro de 2008

Ainda dá tempo?

Vai soar ultrapassado, mas preciso comentar. Em textos anteriores falei do meu receio em assistir ao filme Ensaio Sobre a Cegueira, já que se tratava da adaptação do meu livro favorito, obra-prima de Saramago.

Se eu hesitei em assisti-lo? Que nada. Soube de uma pré-estréia e corri para o cinema. Eu temia o pior, mas acabei gostando do filme. O roteiro ficou bem acabado e sacrificou pouca coisa da obra original. Ainda assim, achei que foi o trabalho menos inspirado de Meirelles. Não sei, sinto que faltou estilo na direção (ou melhor, ele forçou um estilo). Tive a impressão de que ele se preocupou demais em passar a sensação da “cegueira branca” e se esqueceu de outros elementos. A trilha sonora, por exemplo, ficou experimental demais e soou como um ruído chato. Me incomodou e desviou minha atenção da trama em diversos momentos. 

E, por mais que a tensão e o clima apocalíptico existam, não chegam aos pés do que Cuarón conseguiu passar em Filhos da Esperança (2006), por exemplo.

Na realidade, talvez seja tudo culpa da minha expectativa: temia o pior no roteiro e fui surpreendido; esperava o melhor da direção e fiquei decepcionado. Quem não leu o livro e assistiu sem saber o que esperar, gostou muito. Devia ter feito isso. Não, acho que não devia ter feito isso. Esqueça o filme, leia o livro e seja feliz.

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