29 de fevereiro de 2008

Hoje encontrei comigo.

Estava descendo a rua, andando, quando vi eu mesmo, subindo.
Na contramão.
Estava mais velho, com uns setenta anos.
Encarquilhado, cabisbaixo, pensativo.
Lembrava do passado, acredito.
Da época em que era mais novo e descia a mesma rua, pensando no futuro.

27 de fevereiro de 2008

E assim fez-se o fogo, a palavra e um blog.

Após algumas intenções e nenhuma tentativa, ele nasceu.
Chorando, esperneando, melecado e um pouco mimado, esse garotinho nasceu com fome.

Quer palavras, quer conteúdo, quer comer besteira. E pai que é pai, mima mesmo.
Vai dar tudo o quê achar necessário, mesmo se for amargo: tampe o nariz e abra a boca!

Mas é bom deixar claro que, aqui, quem manda é a palavra. E todo e qualquer conteúdo será uma mera desculpa para ela dominar a cena e fazer o que quiser. Vale tudo e tudo vale.

E antes que pergunte, o nome deste filho (único, por enquanto) foi batizado por ninguém menos que Fernando Pessoa e seu Isto.
Mais do que inspirador, faço dele as minhas palavras. E boas vindas.

Isto
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está de pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!

Fernando Pessoa