13 de novembro de 2008

Ao sair, apague a luz.

Viver não era o suficiente.
Só o olhar não bastava.
Aquele momento seria esquecido - todos são.
Pra quê lembrar?
Pra quê levar mais uma coisa na cabeça?

A lembrança pesa.
Veio a foto.
Veio a lágrima.
Foi-se o momento.
Últimas palavras.

É, pela manhã é sempre mais difícil.
Luz acessa.
Tensão no olhar.
Do lado de fora, chuva.
Isso é bom.

As lágrimas perdem-se na chuva.
Como os momentos no tempo.
Como aquele momento.
Perdido.
Perdido?

Foto.
É pra isso que ela serve.
Guarda. Faz lembrar.
É melhor ir embora.
Sumir.
A distância cura.
To indo.

Ela está diferente hoje.
Deitada na cama.
Sozinha agora. Nunca esteve.
Perdida. Esquecida.
É o preço que se paga.
Repousa a mão. Espera.

O depois vai chegar.
Companhia.

Foto de Ana Carolina Rodrigues

5 de novembro de 2008

O pescador de idéias.

Na última segunda-feira, 03/11, foi ao ar na TV Cultura o programa Roda Viva, com a participação de David Lynch.

Cultuado cineasta americano, Lynch é conhecido por filmes bizarros, que abusam de elementos nonsense e preservam a identidade de um verdadeiro artista.
Uns odeiam, outros tantos amam. Estou no grupo dos que amam – mesmo não entendendo muito sua proposta.

Por mais que sua filmografia seja de extrema relevância para o cinema considerado “moderno”, ela não foi o centro das atenções na pauta do programa.

Lynch acaba de lançar um livro sobre meditação transcendental, chamado Em Águas Profundas – Criatividade e Meditação, e tem se dedicado à divulgação do tema por vários países (ele veio ao Brasil em agosto, momento em que gravou o Roda Viva).

Ainda não li o livro (repito, ainda), mas o ponto defendido por Lynch na obra é a prática da meditação como rica fonte de inspiração, criatividade e, principalmente, da felicidade eterna. E, me diz, como duvidar de um cara que fez filmes brilhantes, criativos desde a atitude do figurante que não aparece, às reviravoltas mais “pulga-atrás-da-orelha” do cinema? Não dá, né. Essa tal meditação deve mesmo funcionar. E mergulhar nos níveis mais profundos da consciência humana atrás de boas idéias até que faz sentido, eu acho.

No entanto, é paradoxal pensar que um cineasta que faz obras que despertam de tudo no espectador, menos o sentimento de alegria, esteja “pregando” uma prática que facilita o acesso à felicidade eterna. Afinal, é impossível dar pulos de alegria após ver um filme como Império dos Sonhos ou O Homem Elefante.

Ainda no campo das idéias, Lynch se mostrou um verdadeiro alienado quando o assunto é...cinema!?
Pois é, ele praticamente não assiste filmes (ele se pergunta como Martin Scorsese encontra tempo para vê-los, a ponto de ser considerado um entusiasta nesse quesito), e demonstrou também não saber muito o quê se passa no cinema americano, listando apenas diretores europeus como os que, eventualmente, acompanha. Quando pressionado, citou um único diretor americano que admira muito: Paul Thomas Anderson. Sim, PTA, diretor de Boogie Nights e Sangue Negro, um dos meus favoritos há tempos.

É interessante avaliar que um artista tão influente fique, de certa maneira, distante do mundo onde sua arte ganha vida. Muito se discute que a criatividade, as novas idéias, surjam da combinação de referências, de um rico e acumulado repertório cultural, social etc.


Lynch, pelo visto, não é desses caras. O negócio dele é meditar e buscar a originalidade dentro de si.

Tem funcionado. E convenhamos, é muito mais barato do que ir toda semana ao cinema e insistir em montar uma coleção perfeita de DVDs. =p
Dá-lhe meditação.

4 de novembro de 2008

Cinema em blog experimento.

Iniciativa muito legal da Warner Brasil, que criou o Warner Bros. Pictures Lab., um blog “laboratório” sobre cinema.

Cinéfilos brasileiros estavam mesmo precisando do apoio de um grande estúdio na web. Seja na divulgação de conteúdo oficial e exclusivo de seus filmes, seja na simples abertura de um espaço mais opinativo. O melhor de tudo é que sempre rola uma promoção bacana por lá.

E se você ama cinema como eu, vale a pena também responder ao questionário sobre como deveria ser o futuro do site. Sinto que teremos uma fonte de informação interessante sobre a sétima arte no futuro. Veremos...

Dê uma olhada:
http://warnerlab.com.br/